Vida e Obra de CARLOS MONTES

Ao analisamos a obra de um pintor ou escultor não podemos cingir-nos apenas ao que vemos estampado nas suas obras. A vivência mundana de Carlos Montes e o panorama de injustiça social em plena ditadura que o rodeava serviram de inspiração ao seu trabalho criativo. E toda a sua obra denuncia bem um pintor com sede de liberdade e de harmonia.

O espólio que deixou inclui mais de 200 quadros e esculturas, espalhado por variadíssimos locais e colecções particulares, concentrado-se parte significativa em Beja, na posse da sua esposa e filhas.

A Câmara Municipal de Beja prestou-lhe uma merecida homenagem, em Setembro de 1988, com uma exposição na Galeria Escudeiros, mas que de pouco serviu para retirar o pintor do esquecimento em que se encontra injustamente.

Do que aqui publiquei muito fica para mostrar. Mas o meu objectivo é dar a conhecer um pouco da sua obra e lançar o repto para que o seu trabalho seja cada vez mais divulgado.

As notas que acompanham as imagens de Carlos Montes são citações retiradas de artigos publicados sobre a sua obra.

Uma nota de agradecimento a todos os que colaboraram neste blog.

"Onde quer que agora se encontre, Carlos Montes está de parabéns por tudo quanto nos legou".

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

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5 comentários:

Anónimo disse...: Thank you so much for this, Carlos Montes in my uncle. I am fortunate to have a number of his paintings in my home in Australia. My mother (Carlos Montes) sister who lives with me in Australia was moved to tears - thankyou!!

Ana Mendes; 24 de março de 2008 às 01:46
Anibal Montes disse...: hello Ana..thank you so much for your aswer..

you are my cousin..
my name is anibal montes..my father is Luis Montes and he is your mothers brother.. (minha tia Graciete) ..
i meet your mother many years ago. when she comes to portugal.. she stays in my fathers house.. many years ago.. i had 10 / 12 when i meet her ,she comes with fernando .. I´m 38 years old now ,married and i have a beutiful doughter..shes your cousin too.. ehehe... please send me your mail..
my father il be very very happy to now that is everthing fine with you...

a big hug for you all and give a kiss to your mother my uncle Graciete..

thank you..

Anibal Montes; 24 de março de 2008 às 15:16
Anónimo disse...: Hi Anibal,

My e-mail address is anamendes@bigpond.com

regards

Ana; 28 de março de 2008 às 17:00
Anónimo disse...: Hi Not sure you go my last message - my e-mail address is anamendes@bigpond.com All the best Ana; 12 de abril de 2008 às 03:37
Natural.Origin disse...: Ao analisamos a obra de um pintor ou escultor não podemos cingir-nos apenas ao que vemos estampado nas suas obras. ( Teu )

É isso mesmo...
Sorriso:); 14 de maio de 2011 às 02:03

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BIOGRAFIA

"Carlos Montes, pintor autodidacta teria 78 anos se estivesse entre nós.
Sabia o que queria e, por ironia do destino, não chegou a viver o 25 de Abril, porque, em 16 de Janeiro de 1974 chegou a sua hora de desaparecer do nosso convívio.
Porém, legou-nos uma obra e é parte dela que tenho o dever e o prazer de vos mostrar e divulgar, não só como património cultural mas também como homenagem ao homem que foi Carlos Montes dos Anjos, que apesar de ser um operário da construção civil, conseguiu com esforço e deliberação, retratar quando era mais difícil, a sua cidade e o seu Alentejo, o que lhe custou alguns dissabores."

EXPOSICÕES

Portas de Mértola em Beja - 07/12/1963
Atelier " A Barraca" em Beja - 05/01/1965
Salão da Junta distrital de Beja - 17/08/1966
Galeria "Trave" em Évora
Portas de Mértola em Beja - 12/08/1967
Casa do Alentejo em Lisboa - 1967
Sociedade Capricho Bejense - 21/05/1972
Piscina Municipal de Beja - 21/05/1972
Stand Cameirinha - 1973
Galeria Escudeiro - 29/09/1988

Para além de toda esta actividade o pintor Carlos Montes foi também autor da capa do livro "Beja 1966" aquando da inauguração do monumento implantado junto á rodoviária nacional dedicado ao "bandeirante".

Um olhar breve sobre a pintura de Carlos Montes

"Sabemos que Carlos Montes foi um pintor autodidacta,
um operário da construção civil apaixonado pelos desafios da pintura. Mas não podemos considerá-lo um pintor "naif", como é hábito rotular aqueles praticantes que, por não terem frequentado uma escola de artes, produzem uma pintura marcada pela ingenuidade.
As várias atitudes evidenciadas por Carlos Montes ao longo da sua obra, indicam outro tipo de pintor.
Por ser assim não podemos ficar sem nos interrogarmos sobre a evolução deste homem modesto mas profundamente inconformado com a sorte que lhe reservou a Beja do seu tempo.
Mas certo é que sempre se mostrou corajoso no seu corpo-a-corpo com a pintura, talvez em sincronia que mantinha com a realidade social."

EM QUE SE SENTIA MERGULHADO

"Aproximemo-nos dos seus trabalhos. Eles parecem indicar que Carlos Montes, à partida, procurou o consenso dos que entendem que a pintura deve representar o "real" através da cor e do desenho. É a primeira fase em que o pintor nos oferece paisagens, uma ou outra natureza morta, o registo de algum monumento.
A restante obra de Carlos Montes revela bem que ele não se conforma com a primeira atitude. Surge então uma pintura cheia de atenção pelas situações marcadas pela injustiça social e pela dor dos que sofrem.
È a solidariadade de Carlos Montes com os que estão como ele, na mó de baixo. Pressentem-se contactos mais intensos com uma "intelligentsia" politizada, comprometida na luta contra a ditadura.
Perante os quadros dos últimos anos de vida de Carlos Montes somos levados a crer que a sua entrega à pintura se torna muito profunda e que ele está atento aos ventos da década de sessenta. A sua maneira de pintar, quer usando os pincéis ou a espátula, denuncia um novo fervor. O convívio com as tintas frescas, e o gosto que Carlos Montes desenvolve pelo gosto de pintar, facultam-lhe o caminho para um certo informalismo onde a representação de figuras se dissolve, e as manchas exibem a sua "nudez crua"."

...........duas horas da manhã........................
a espátula percorre as solidões nocturnas
da tela.................o branco que cede á
luz as suas componentes, é o desafio
plano à angustia............... e o destino
de transmitir emoções.................................

.................ao redor do cavalete................
vivem em profusão, imagens familiares
dum alentejo soletrado picturalmente
em (palavras curtas)...............alma
da planicie recriada nas vigilias da
noite sem trevas.......................................

..................a chegada de alguém,.............
não perturba a espatulada breve...........
que faz nascer no mesmo gesto côr e
forma............. talvez porque o................
tempo segredasse ao ouvido do pintor
.............da urgência do dia......................
e a escassêz das madrugadas.................

vou me deitar, amanhã tenho de
ir para o trabalho.
Até amanhã, carlos .....................

....são quatro e trinta da ultima amanhã.

Norível

A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR

"Escrever, compreender a vida de Carlos Montes não é fácil, é mesmo quase doloroso, principalmente, para quem teve o privilégio de o conhecer.
Mas muita gente compreendeu a sua mensagem, quando retratava a sua revolta em relação ao que se passava no mundo e á sua volta.
Foi essa faceta humanista e fraternal, que esteve sempre em causa.
Foi talvez a mais correcta , porém outros tentaram destruí-la a cada momento.
Naturalmente que ser-se pedreiro e ainda por cima livre, bulio com muita gente, o que lhe custou alguns amargos.
Não vergou, foi aquilo deveu ser, viveu a vida à sua maneira, não se sujeitou e, criou amizades entre outros que, na sua infância, nada lhe diziam, mas de quem foi fiel amigo até ao fim.
Quem conviveu com Carlos Montes sabe que jamais admitiria homenagens, embora as mereça, especialmente da cidade que foi madrasta para quem nela foi parido.
Onde quer que agora se encontre, Carlos Montes está de parabéns por tudo quanto nos legou."
Obrigado

Vida e Obra de CARLOS MONTES

1931-1974

O descanso

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

5 comentários:

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